As primeiras emissoras de rádios AM devem começar a migrar
para FM a parir do dia 25 de fevereiro
Matéria publicada: quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016 às
13:50| Clodoaldo de Oliveira Lemes
As primeiras rádios
migrarão de AM para FM de fevereiro de 2016
A partir de 25 de fevereiro, as primeiras emissoras de rádio
AM já devem começar a migrar para a frequência modulada, ou FM. Em debate na
manhã desta segunda-feira (15), no Conselho de Comunicação Social do Congresso
Nacional, representantes do Ministério das Comunicações e da Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel), entre outros, explicaram que o processo de
migração das rádios AM para FM ocorrerá em dois lotes e vai provocar a necessidade
de adaptação também por parte dos ouvintes dessas rádios.
A extinção do serviço de radiodifusão local por onda média,
onde estão as emissoras AM, foi determinada pelo Decreto 8.139/2013. O espectro
de onda média regional e nacional continuará existindo, mas às emissoras locais
foi dada a opção de migrar para a faixa FM. Para isso, foi determinado que
essas emissoras deveriam optar até o final de novembro pela migração, que tem
um custo diferente para cada emissora. Os valores vão de R$ 30 mil a R$ 4,5 milhões
dependendo de fatores como potência, população, indicadores econômicos e
sociais do município, entre outros. Após o decreto, mais duas portarias foram
editadas com a determinação de que a migração seria feita em conjunto em cada
município e com os valores e prazos para a migração.
O secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do
Ministério das Comunicações, Roberto Pinto Martins, explicou que as emissoras
que solicitaram a migração foram divididas em dois grupos. O primeiro contém
954 emissoras, que já foram alocadas na faixa normal de FM e tem até dia 25 de
fevereiro para apresentarem a documentação exigida pelo ministério.
— Depois desse pagamento, aí sim é que nós faremos um
contrato ou um aditivo contratual. A nossa expectativa é que a gente conclua
todo esse processo de análise dessa documentação adicional até meados deste ano
para que as empresas possam assinar os seus contratos e apresentar os seus
projetos técnicos — afirmou Martins.
O segundo grupo possui 377 emissoras, e, dessas, cerca de
300 podem depender do desligamento da televisão analógica para utilizar os
canais 5 e 6 do espectro eletromagnético de radiodifusão. Isso vai gerar a
necessidade de que os ouvintes comprem um novo aparelho de rádio. Questionado
pelos conselheiros, o conselheiro da Anatel, Rodrigo Zerbone Loureiro, explicou
que a essas emissoras será dado um prazo de cinco anos durante o qual elas
poderão transmitir seu conteúdo tanto na faixa AM quanto na de FM.
Loureiro explicou que a readequação dessas emissoras no espectro
foi feita pela Anatel e que, das 1.781 emissoras locais que atuam na faixa AM,
1.300 pediram a migração para a FM. Ele explicou que 730 canais nas ondas FM já
apresentam disponibilidade total para a imediata prestação de serviço.
Digitalização
O presidente executivo da Abert, Luís Roberto Antonik,
explicou que, embora as ondas AM apresentem um grande alcance, possuem uma
frequência muito baixa, o que as sujeita mais à interferência causada pelos
equipamentos eletrônicos do mundo moderno. Além disso, a antena da rádio AM não
consegue estar presente nos telefones móveis, por ser uma antena mais robusta.
Ele ressaltou que, atualmente, 10% da audiência do rádio vêm de celulares e
dispositivos móveis.
Se a solução parecia ser a digitalização do rádio, na
prática os testes mostraram que isso ainda não é possível no mundo, devido ao
alto custo. Por isso, a solução encontrada foi a de as emissoras AM migrarem
para FM. No entanto, conforme explicou o secretário do Ministério das
Comunicações, essa migração não impede uma futura digitalização do rádio.
Antonik afirmou que, segundo pesquisa da Abert, das 4.600
emissoras comerciais, 4.200 têm página na internet, mas apenas 1.400 emissoras
possuem aplicativos nos dispositivos móveis.
— É muito pouco. A Abert tem por objetivo promover a
digitalização e o acompanhamento tecnológico dessas emissoras. Então a Abert
desenvolveu um programa por meio do qual ela contrata e a própria Abert paga um
app (aplicativo) tanto para Android quanto para Iphone para essas emissoras no
sentido de tentar aumentar essa taxa de penetração dos apps e, assim, salvar as
emissoras AMs — disse.
A professora e pesquisadora Nélia del Bianco, da
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da